Egos inflados = Vazio interior

Confesso que sofro de intolerância a egos inflados. Pessoas com egos inflados são aquelas que por falta de autoconhecimento, complexo de inferioridade ou seja lá qual trauma ou necessidade que traga consigo, precisa se auto afirmar perante os outros de maneira repetitiva. São aqueles que, só para dar alguns exemplos, destratam funcionários, por considerarem-nos inferiores a si mesmos; não admitem ser corrigidos; dão “pitis” quando contrariados ou gastam parte de seu dia postando fotos e mais fotos de si mesmos nas redes sociais.
Embora a pessoa seja livre para postar o que quiser, meu interesse por alguém, confesso, é inversamente proporcional ao número de fotos que coloca de si mesmo no Facebook – mesmo que a intenção seja veladamente chamada de comercial. Quem carrega consigo “eus” em demasia, não deixa espaço para os outros se aproximarem ou terem prazer na convivência.
É necessário que saibamos diferenciar as pessoas que merecem estar ao nosso lado, aquelas que nos valorizam sinceramente – as que devemos cuidar e agradar -, daquelas que só permanecem ao nosso redor com interesses segundos e que não reconhecem o valor da reciprocidade na relação.
Faz algum sentido gastar tempo e bom humor com quem não cultiva trocas reais e construtivas conosco, com aqueles que falam mal de nós em nossas costas e não reconhecem nada de bom que fizemos por eles?
A nossa tolerância e adaptação devem ser oferecidas àqueles que constroem conosco os castelos da vida, mas que também conosco dividem a simplicidade das conquistas. Esses amigos, sim, são os que devemos ter por perto. 
Quais são as formas que expressamos nossos vazios? Existe um motivo para o exibicionismo físico? Ou para a exibição daquilo que se tem em bens materiais? A exibição exagerada de dotes intelectuais? De sociabilidade? De excesso de simpatia? Ou ainda de “sex appeal”?
Tudo na vida segue em busca de equilíbrio. E assim, para se analisar uma pessoa ou situação, basta perceber se há equilíbrio em todas as partes que compõe este alguém ou momento.
O simples fato de uma pessoa precisar se exibir já demonstra falta de equilíbrio. Quando alguém está inteiro e balanceado, não possui necessidade de aparecer. O mesmo acontece como consequência e de forma natural, na intensidade que tem de ser.
Chegamos todos nesta vida sem manual de instrução sobre como seguir em frente. Passamos esta trajetória em busca de nós mesmos e de respostas que permeiam nossa consciência do início ao fim. Entre um momento e outro, extravasamos nossas dúvidas e faltas de respostas de inúmeras formas. Muitas que doem e nos marcam profundamente.
É na infância que construímos os nossos valores, crenças e princípios. E toda falta de amor, compreensão e qualquer dificuldade que se tenha tido nesta fase, irá se manifestar mais tarde, quando jovens ou adultos. Muitas vezes passa-se a vida na busca pela compensação de um fato do passado, sem sucesso ou sem qualquer consciência disso.
A busca desenfreada pelo amor de alguém, por exemplo, que acaba refletindo em diversos relacionamentos, um atrás do outro, ou em vários ao mesmo tempo, deixa clara a falta de afeto na infância. Uma mágoa em relação ao pai ou à mãe, ainda que inconsciente, faz com que o ser humano se sinta tão profundamente só, que o mesmo se perde na busca pela compensação de amor num parceiro ou parceira. Como nada, nem ninguém substitui este amor, a busca torna-se infinita e mal sucedida.
Todo excesso de nós mesmos ou de algumas de nossas características vem demonstrar uma falta de equilíbrio. Assim como a necessidade de exibição dessas características.
A exibição e ostentação de dinheiro mostra uma ausência de valores amorosos. Assim como a exibição e humilhação através da posse de dotes intelectuais, mostra a necessidade de subjugar o outro, compensando uma provável subjugação do passado. O excesso de sociabilidade, escancarando a necessidade de ser aceito, quando de forma inconsciente não há a aceitação por parte de si mesmo. E daí por diante.
Toda falta gera em nós um vazio, que em nós permanece de forma inconsciente, e na maioria das vezes por muito tempo. Anos a fio. É pelo despertar de consciência, pelo auto-conhecimento, o se olhar para dentro, que nos permite finalmente preencher esses “buracos” de forma adequada.
Não mudamos a história de nosso passado, mas somos capazes de mudar o que sentimos ao lembrar de nossas histórias. Transformamos nossas mágoas e dores em compreensão e aceitação. A partir daí, toda e qualquer necessidade de se sobressair desaparece.
Uma vez donos de nós mesmos, não importa o que o mundo pensa ou o que o mundo fala. Só importa a paz finalmente encontrada no melhor lugar possível: em si mesmo!

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